Após quatro anos desfilando como convidado na semana de Alta Costura de Paris, o brasileiro Gustavo Lins foi eleito como um de seus membros. O estilista mineiro passa, então, a fazer parte do primeiro escalão da moda da França, hoje ocupado por 11 membros oficiais da Federação Francesa da Alta Costura, que tem chancela do Ministério do Comércio Exterior Francês
Gustavo Lins diz:“Meu objetivo é conseguir uma vaga. Para isso é preciso cuidar não só do meu ofício de estilista, como também da parte administrativa da maison”, disse. Mas o que, de fato, significa ter um nome brasileiro em uma das instituições mais herméticas do mundo da moda?
A Federação Francesa da Alta Costura foi criada em 1868 com o objetivo de defender a produção fashion de seu país como um patrimônio nacional, diferenciando-a sob o nome de “Haute Couture”. Durante muitas décadas, sustentar esse rótulo significou status e ascenção financeira.
Preocupado com isso, Gustavo Lins traça sua própria dinâmica. As roupas que o designer exibirá em seu desfile no dia 25 de janeiro funcionarão como um laboratório para uma coleção mais acessível de inverno. A proposta é reutilizar nove looks de Alta-Costura e mostrá-los novamente como peças conceito no desfile da semana de Prêt-à-Porter, que acontece em março. Para o estilista, isso não diminui o trabalho manual da sua Alta Costura. Muitas das estampas seguem sendo pintadas à mão pelo próprio artista, mas serão traduzidas em silk screen para a coleção “mais acessível”.
A conquista da tão tradicional vaga de excelência do designer é uma boa resposta ao trabalho dos últimos anos como convidado e legitima seu talento como criador. O mundo da moda só tem a ganhar com essa parceria -- agora mais do que consolidada.
Entender que a informação está globalizada e que o consumidor consegue encontrar valor em diversas culturas ao redor do mundo é o mais óbvio caminho. Dois séculos depois, internacionalizar o alto design de moda é a estratégia que a federação vem traçando para não deixar de existir. É preciso, contudo, que os estilistas trabalhem suas estratégias pessoais para driblar as dificuldades do mercado.
Por : Melina Monteiro
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