Superfície
Ela não gosta quando lhe tiram uma casquinha.
Não se mexe na ferida dos outros.
Fortuna
O zíper da fortuna estava aberto,
mas só permitia passar
uma mão de cada vez.
Assim não era possível atingir toda fortuna,
porque a única mão que entrava
trazia o que só uma mão aguentava.
E a outra mão
voltava como veio, abanando.
Essa desigualdade a ninguém supria.
Puxaram o zíper. Arrancaram a calça.
Chegaram a um lugar tenebroso
onde a fortuna expelia aos jorros.
Eram, na verdade, dois pintos
diferentes um do outro.
Um era firme, duro e grosso, mas nada expelia.
O outro cabisbaixo, flácido e sem vida, em sua calda quase imergia.
E com muito pesar, explicou-se, sem dúvida alguma,
porque uns têm tanto, e outros porra nenhuma.
(Paródia do poema Verdade, de Carlos Drummond de Andrade)
Tive que posta, achei incrivel e...
...aqui tem maais: http://letrair.wordpress.com/
Livia Marcomini
Nenhum comentário:
Postar um comentário